O coreógrafo e artista da dança contemporânea Cristian Duarte, responsável pela direção de movimento do filme Homem com H, sobre Ney Matogrosso, vai realizar a residência Surradá na Casa Hoffmann, entre os dias 28 de outubro a 1º de novembro. Voltadas a pessoas a partir de 16 anos, as inscrições estão abertas pelo Sympla.
Com mais de duas décadas de trajetória, Duarte é um dos nomes mais inventivos da dança contemporânea brasileira. Formado pela ECA/USP e com passagem pela escola P.A.R.T.S, em Bruxelas, o artista desenvolve projetos que trazem criação, pesquisa e formação. Para ele, o corpo, a cidade e a memória são dimensões inseparáveis. “O corpo carrega sensações, histórias, tensões; a cidade é esse espaço vivo, em movimento, que traz camadas visíveis e invisíveis de passado; e a memória é o fio que conecta o que fomos ao que somos”, destaca.
O título Surradá nasce da fusão entre surrealismo e dadaísmo, dois movimentos que, segundo o artista, propõem “lidar com o improvável, com o borrado entre o real e o irreal”. Para isso, o coreógrafo propõe que o espaço urbano seja matéria de criação, um laboratório artístico em que chão, ruídos, fachadas e encontros imprevistos se transformam em estímulos para novas formas de movimento. “Trazer a cidade para dentro do processo significa ativar memórias, do lugar, do corpo, dos outros corpos e abrir espaço para experimentações entre movimento e paisagem, gesto e ambiente. O corpo se torna cartografia de memórias, tensões e experimentação”, afirma.
Andrea Lerner, coordenadora da Casa Hoffmann, comenta a relevância da residência dentro da programação do espaço. “Cristian mostra que a dança vai muito além do resultado final. É diálogo, é processo, é encontro entre o coletivo e o individual. E é esse espírito que guiamos na Casa Hoffmann: compreender a prática artística como ação contínua e enxergar o coletivo como espaço de afeto, escuta e transformação”, diz.
A residência se estrutura em três etapas. A primeira, das expedições urbanas, convida os participantes a caminhar pelo entorno, recolhendo ideias, imagens e objetos. A segunda, o ateliê aberto, é um espaço coletivo de criação e diálogo, em que essas experiências ganham forma em cabeças, construções simbólicas que funcionam como extensão do corpo e da imaginação. Por fim, as ações performáticas transformam as criações em situações coreográficas ou registros fotográficos.
Para Duarte, o mais importante é que os participantes encontrem um ambiente de curiosidade e risco. “Espero que descubram novas ferramentas para suas práticas, que encontrem maneiras diferentes de acessar presenças e se permitam experimentar sem medo. Que o grupo se reconheça como espaço de trocas, poroso, crítico e generoso”, confirma.
Cristian reflete como o trabalho no filme Homem com H se une à oficina que irá ministrar na Casa Hoffmann. “No processo com o ator Jesuíta Barbosa e o diretor Esmir Filho, trabalhei muito a ideia de modulação do tônus, esse equilíbrio entre o que projetamos para fora e o que mantemos conosco. Ney tem essa qualidade muito particular: ele se expande e provoca, mas sem se perder de si mesmo. No Surradá, continuo interessado em ativar esse tipo de presença, uma energia que se abre ao mundo e é afetada pelo que está fora, seja o público, a câmera ou a cidade”, finaliza.
Serviço:
Residência Artística Surradá, com Cristian Duarte
Casa Hoffmann (Rua Dr. Claudino dos Santos, 58 – São Francisco)
De 28 de outubro a 1º de novembro (quarta-feira a sábado), sempre das 14h às 18h.
Inscrições: R$ 75 (há possibilidade de solicitar bolsa gratuita), disponível em www.sympla.com.br/evento/residencia-artistica-surrada-com-cristian-duarte/3099865
Crédito da foto: Divulgação

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