Sing Sing destaca o poder da arte – FILMES, por Rudney Flores

 


 A temporada de filmes do Oscar continua nesta quinta-feira (13) com a estreia de Sing Sing, produção indicada a três estatuetas – melhor ator para Colman Domingo, roteiro adaptado e canção original ("Like a Bird", de Abraham Alexander e Adrian Quesada).

O filme de Greg Kwedar é inspirado em um projeto real realizado na prisão de segurança máxima Sing Sing, localizada no estado de Nova York, nos Estados Unidos. Denominada Rehabilitation Through the Arts (RTA, reabilitação através das artes), a ação tem participação dos presos, que têm aulas de teatro e atuam em diversas peças realizadas no cárcere. Segundo levantamentos locais, os participantes do projeto têm uma taxa de reincidência no crime de apenas 5% após sair da prisão, bem abaixo da taxa normal de 60%.

E a maior parte dos atores presentes na produção são exemplos disso. Eles interpretam versões de si próprios, contando parte de sua história no RTA. O maior destaque deles é Clarence “Divine Eye” Maclin, que praticamente protagoniza a trama ao lado do ator Colman Domingo (Rustin), que vive John “Divine G” Whitfield, outro expoente do projeto, que atua e também escreve roteiros de peças.

Na história, o grupo de atores presos vem de uma recente montagem de sucesso e inicia os preparativos para um novo espestáculo. Divine G e Mike Mike (Sean San Jose), dois dos líderes, entrevistam novos candidatos a participar do RTA e aceitam o arisco Divine Eye. Na primeira reunião para definir o que seria encenado, este último sugere uma comédia, distanciando-se do tradicional Shakespeare, quase sempre interpretado, e tirando todos da zona de conforto.

Desafio aceito e o diretor teatral do grupo, Brent Bruel (Paul Raci, de O Som do Silêncio), cria um texto amalucado, que mistura De Volta para o Futuro, Freddy Krueger, Egito Antigo, Hamlet, entre outras citações. O filme se desenvolve nos preparativos para montagem, com diversos conflitos, causados quase sempre por Divine Eye. A peça foi realmente encenada, sendo aquela que chamou a atenção Kwedar para depois realizar a produção de cinema.

Sing Sing tem alguns paralelos com Um Sonho de Liberdade, um dos mais cultuados filmes de prisão, principalmente por seu protagonista estar cumprindo pena por um crime que não cometeu, e também por suas dificuldades em conseguir a liberdade condicional – misturando os desafios dos personagens vividos por Tim Robbins e Morgan Freeman no filme de Frank Darabont. Mas Kwedar, também um dos responsáveis pelo roteiro, procura passar um foco sempre positivo – não são mostradas cenas da conhecida violência carcerária e sim a união entre os prisioneiros e suas tentativas de resgatar sua dignidade através da arte.

Domingo entrega uma emocionante e generosa atuação, comandando um elenco que, em sua maioria, traz certa bagagem dos palcos, mas com pouca experiência nas telas –  um dos atores do momento em Hollywood, ele tem sua segunda indicação seguida ao Oscar de melhor ator, depois de ser lembrado por Rustin no ano passado. Mas todo os atores merecem elogios e também emocionam o espectador com suas interpretações. Sing Sing é mais uma tocante homenagem a toda o tipo de arte como força propulsora da humanidade. Cotação: Ótimo.

 

Trailer de Sing Sing:

 


 

Crédito da foto: Diamond Films