O filme de Greg Kwedar é
inspirado em um projeto real realizado na prisão de segurança máxima Sing Sing,
localizada no estado de Nova York, nos Estados Unidos. Denominada Rehabilitation
Through the Arts (RTA, reabilitação através das artes), a ação tem participação
dos presos, que têm aulas de teatro e atuam em diversas peças realizadas no
cárcere. Segundo levantamentos locais, os participantes do projeto têm uma taxa
de reincidência no crime de apenas 5%
após sair da prisão, bem abaixo da taxa normal de 60%.
E a maior parte dos atores
presentes na produção são exemplos disso. Eles interpretam versões de si
próprios, contando parte de sua história no RTA. O maior destaque deles é Clarence
“Divine Eye” Maclin, que praticamente protagoniza a trama ao lado do ator
Colman Domingo (Rustin), que vive John “Divine G” Whitfield, outro expoente do
projeto, que atua e também escreve roteiros de peças.
Na história, o grupo de
atores presos vem de uma recente montagem de sucesso e inicia os preparativos
para um novo espestáculo. Divine G e Mike Mike (Sean San Jose), dois dos
líderes, entrevistam novos candidatos a participar do RTA e aceitam o arisco
Divine Eye. Na primeira reunião para definir o que seria encenado, este último
sugere uma comédia, distanciando-se do tradicional Shakespeare, quase sempre interpretado,
e tirando todos da zona de conforto.
Desafio aceito e o diretor teatral
do grupo, Brent Bruel (Paul Raci, de O Som do Silêncio), cria um texto
amalucado, que mistura De Volta para o Futuro, Freddy Krueger, Egito Antigo,
Hamlet, entre outras citações. O filme se desenvolve nos preparativos para
montagem, com diversos conflitos, causados quase sempre por Divine Eye. A peça
foi realmente encenada, sendo aquela que chamou a atenção Kwedar para depois realizar
a produção de cinema.
Sing Sing tem alguns
paralelos com Um Sonho de Liberdade, um dos mais cultuados filmes de prisão,
principalmente por seu protagonista estar cumprindo pena por um crime que não
cometeu, e também por suas dificuldades em conseguir a liberdade condicional –
misturando os desafios dos personagens vividos por Tim Robbins e Morgan
Freeman no filme de Frank Darabont. Mas Kwedar, também um dos responsáveis pelo
roteiro, procura passar um foco sempre positivo – não são mostradas cenas da
conhecida violência carcerária e sim a união entre os prisioneiros e suas tentativas
de resgatar sua dignidade através da arte.
Domingo entrega uma
emocionante e generosa atuação, comandando um elenco que, em sua maioria, traz certa
bagagem dos palcos, mas com pouca experiência nas telas – um dos atores do momento em Hollywood, ele tem
sua segunda indicação seguida ao Oscar de melhor ator, depois de ser lembrado
por Rustin no ano passado. Mas todo os atores merecem elogios e também
emocionam o espectador com suas interpretações. Sing Sing é mais uma tocante
homenagem a toda o tipo de arte como força propulsora da humanidade. Cotação:
Ótimo.
Trailer de Sing Sing:
Crédito da foto: Diamond
Films