33º Festival de Curitiba – O Céu da Língua

 


Quem tem medo de poesia? Gregório Duvivier não faz parte deste grupo e, como um apaixonado, faz de tudo para persuadir os outros das qualidades do seu objeto de encanto – até mesmo criar uma peça. No monólogo O Céu da Língua, uma comédia poética, o artista usa o seu discurso sedutor para convencer o público de que tropeçamos diariamente na poesia e o assunto é prazeroso e divertido. A direção é da atriz Luciana Paes, parceira de Gregório no espetáculo de improvisação Portátil, e também nos vídeos do canal Porta dos Fundos.

Após estrear em Portugal e passar pelo Rio de Janeiro, em ambas ocasiões com grande sucesso, O Céu da Língua chega agora ao Festival de Curitiba, dentro da programação da Mostra Lucia Camargo, com sessões dias 3 às 20h30, e, 4 de abril, às 17h30 (sessão extra) e 20h30, no Guairão. 

O artista, que não estreava uma nova obra teatral há cinco anos, fez esse espetáculo pra homenagear sua língua-mãe. E encontrou, ao fazer, uma legião de pessoas que compartilham dessa paixão. “A poesia é uma fonte de humor involuntário, motivo de chacota”, reconhece ele, que cursou a faculdade de Letras na PUC do Rio de Janeiro e publicou três livros sobre o gênero literário. “Escrevi uma peça que pode ajudar alguém a enxergar melhor o que os poetas querem dizer e, pra isso, a gente precisa trocar os óculos de leitura”, completa.

Se no seu solo anterior, Sísifo (2019), escrito junto com Vinicius Calderoni, Duvivier subia uma grande rampa dezenas de vezes, agora o que se tem é uma encenação desprovida de qualquer cenário. No palco, totalmente limpo, o instrumentista Pedro Aune cria ambientação musical com o seu contrabaixo, e a designer Theodora Duvivier, irmã do protagonista, manipula as projeções exibidas ao fundo. O resto é só o comediante e sua devoção pelas palavras. 

“Acredito que o Gregório tem ideias para jogar no mundo e, com essa crença, a coisa me move independentemente de qualquer rótulo. O stand-up comedy aqui é uma pegadinha pra falar de literatura”, diz Luciana Paes, uma das fundadoras da celebrada Cia. Hiato. “O Gregório comediante está no palco ao lado do Gregório intelectual, com seu fluxo de pensamento ininterrupto, e por isso a plateia embarca na proposta. Graças aos seus recursos de ator, ele pega o público distraído. Ninguém resiste quando é surpreendido por alguém apaixonado”, completa.

As reformas ortográficas, que tiram letras de circulação e derrubam acentos capazes de alterar o sentido das palavras, inspiram o artista em tiradas bem-humoradas. A mesma coisa acontece quando ele comenta a ressurreição de palavras esquecidas, como “irado”, “sinistro” e “brutal”, que voltaram ressignificadas ao vocabulário dos jovens. E aquelas que só de ouvir geram sensações estranhas, a exemplo de “afta”, “íngua”, “seborreia”. Ou outras, inventadas, repetidas à exaustão, como “atravessamento”, “disruptivo” ou “briefings”? Até dessas Duvivier extrai humor.

Para provar que a poesia é popular, ele chama atenção para os grandes letristas da música brasileira, como Orestes Barbosa e Caetano Veloso, citados em O Céu da Língua por meio das canções “Chão de Estrelas” (1937) e “Livros” (1997). Infelizmente, a literatura no Brasil nunca encheu estádios. Mas a palavra cantada, essa sim, ganhou multidões. “Foi a nossa música popular que conseguiu realizar o sonho de levar poesia para as massas”, festeja o ator.

A Mostra Lucia Camargo no Festival de Curitiba é apresentada por Petrobras, Sanepar - Governo do Estado do Paraná, Caixa e Prefeitura de Curitiba, com patrocínio de CNH Capital – New Holland, Ebanx, ClearCorrect – Neodent, Sebrae, Viaje Paraná – Governo do Estado Paraná e Copel – Pura Energia, além do patrocínio especial da Universidade Positivo.

Acompanhe todas as novidades e informações pelo site do Festival de Curitiba www.festivaldecuritiba.com.br, pelas redes sociais disponíveis no Facebook @fest.curitiba, pelo Instagram @festivaldecuritiba e pelo Twitter @Fest_curitiba.


Serviço:

O Céu da Língua

Teatro Guaíra (Praça Santos Andrade, s/nº – Centro)

Dias 3 e 4 de abril, sempre às 20h30.

Gênero: comédia poética

Classificação: 12 anos

Origem: Rio de Janeiro (RJ)

Pad Rok Produções Culturais


33º Festival de Curitiba

De 24 de março a 6 de abril.

Ingressos: www.festivaldecuritiba.com.br e na bilheteria física exclusiva no Shopping Mueller (Av. Cândido de Abreu, 127 – Piso L2 – Centro Cívico; segunda a sábado, das 10h às 22h; domingos e feriados, das 14h às 20h).


Valores

Mostra Lucia Camargo: de gratuito até R$ 85 (inteira) + taxa adm.

Risorama: de R$ 42,50 até R$ 85 (inteira) + taxa adm.

Fringe: de gratuitos até R$75 (inteira) + taxa adm.

Mostra Surda de Teatro: gratuitos

MishMash: de R$ 30 até R$ 60 (inteira) + taxa adm.

Programa Guritiba: de gratuitos até R$ 60 (inteira) + taxa adm.

Gastronomix: de R$ 10 até R$ 20 (inteira) + taxa adm.

Verifique a classificação indicativa e orientações de cada espetáculo.

Estudantes de teatro e artistas profissionais contam com ingressos promocionais de R$ 40 e R$ 20, somente na bilheteria física. 

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Crédito da foto: Raquel Pellicano