F1: O Filme coloca espectador dentro de uma corrida – FILMES, por Rudney Flores

 


 A tradicional temporada de lançamento de blockbusters de meio do ano começa nesta semana com a estreia de F1 – O Filme, produção dirigida por Joseph Kosinski (Top Gun – Maverick) que tem como cenário o principal esporte a motor do mundo, sendo um dos filmes mais aguardados do ano. Até o final de julho, chegam para dominar as salas de cinema do Brasil Jurassic World – Recomeço (dia 3), Superman (dia 10) e Quarteto Fantástico – Primeiros Passos (dia 24)

Protagonizado pelo astro Brad Pitt (Oscar de melhor ator coadjuvante por Era uma Vez em... Hollywood), F1 teve a maior parte de suas filmagens realizadas em diversos circuitos do mundial da categoria, nas temporadas de 2023 e 2024. Para isso, foi criada uma equipe fictícia, a APX GP – com direito à garagem e motorhome –, pela qual correm o personagem de Pitt, o veterano Sonny Hayes, e seu companheiro de equipe, o novato Joshua Pearce (Damson Idris, da série Snowfall). Kosinski e sua equipe tiveram acesso total às corridas e realizaram imagens e sequências com câmeras posicionadas dentro e fora dos carros – também há uma sequência em um túnel de vento, local de testes de tecnologia que poucos que acompanham a categoria conhecem.

Pitt e Idris aprenderam a pilotar monopostos de F2 e F3 e fazem eles mesmo muitas das cenas de corridas do filme, além de participar de algumas cerimônias de aberturas de alguns grandes prêmios ao lado de estrelas da F1 atual, como o tetracampeão Max Vestarppen e o heptacampeão Lewis Hamilton, este um dos produtores do longa-metragem.

Na história, Hayes era uma das grandes promessas da Fórmula 1 nos anos 1990, considerado um futuro campeão, um possível sucessor de Ayrton Senna. Mas, ao disputar uma curva com o mito brasileiro, o então jovem piloto norte-americano sofre um terrível acidente que acaba precocemente com sua carreira na F1. Trinta anos depois, o ainda talentoso Sonny vive como piloto de aluguel, vendendo seus serviços e experiência nas mais diversas categorias, como uma participação na famosa prova 24 Horas de Daytona, nos Estados Unidos, na ótima sequência que abre o filme.

Ele é achado por Ruben Cervantes (Jarvier Bardem, Oscar de melhor ator coadjuvante por Onde os Fracos Não Têm Vez), seu antigo companheiro de equipe na F1 e que agora comanda seu próprio time, a APX GP. Este faz uma proposta irrecusável para Hayes: voltar a pilotar um Fórmula 1, mesmo depois dos 50 anos de idade. Em mais de dois anos, a APX não conquistou sequer um ponto na categoria. E se até o final da temporada não vencer uma corrida, Cervantes será tirado do comando da empresa pelos investidores. Sonny é sua última e desesperada cartada para salvar a equipe – ajudando também a desenvolver o talentoso mas ainda inexperiente Pearce – e a si mesmo.

Assim como o Maverick de Tom Cruise, o Hayes de Pitt é um outsider, o macho alfa que conduz a vida como bem entende e tem vários percalços por essa postura. Mas, com diversos clichês sobre a jornada do veterano que vai ensinar diversas lições ao novato e à própria equipe, o roteiro escrito por Kosinski ao lado de Ehren Kruger não é tão bom ou empolgante quanto o da aventura de retorno do aviador.

No que se refere à Fórmula 1, a trama também é repleta de situações inverossímeis para quem acompanha mais de perto as corridas. Uma ou outra adaptação para fazer o enredo funcionar até podem ser aceitáveis – como fez o ótimo Rush – No Limite da Emoção, que criou uma fictícia rivalidade entre os pilotos James Hunt e Niki Lauda, a qual funcionou muito bem –, mas Kosinski/Kruger passam muito do aceitável para quem curte mesmo Fórmula 1.

Na realidade, F1 – O Filme é mais uma peça de promoção da categoria para o grande público norte-americano, com chancela da Libert Media, conglomerado que atualmente comanda a categoria. Há anos a Fórmula 1 tenta ter maior presença nos Estados Unidos, o que tem conseguido recentemente com a realização de três grandes prêmios no país, além da série da Netflix Drive to Survive, que trouxe novos espectadores para as corridas, tanto nos autódromos como nas transmissões de televisão.

Como boa parte dos espectadores dos Estados Unidos ainda conhece pouco da Fórmula 1, cada sequência de uma corrida no filme é explicada nos mínimos detalhes por uma fictícia narração nos autódromos – para piorar, com foco apenas sempre no que acontece com os carros da minúscula APX GP. Essa ação descritiva vai se tornando cada vez mais irritante para qualquer fã que conviva há anos com a F1.

Dessa forma, o que faz mesmo valer o ingresso é a competência de Kosinski como diretor de filmes de ação. São impressionantes as cenas e sequências das corridas, muito bem sonorizadas também, que fazem com que o espectador se sinta realmente dentro de um grande prêmio de F1 – o efeito é maior ainda em uma tela Imax, sistema no qual o filme foi realizado, e que tem uma sala disponível em Curitiba. Cotação: Bom.

 

Trailer de F1 – O Filme:


 

 

 

Crédito da foto: Divulgação/Warner Bros Pictures. Brasil