Protagonizado pelo astro Brad
Pitt (Oscar de melhor ator coadjuvante por Era uma Vez em... Hollywood), F1 teve
a maior parte de suas filmagens realizadas em diversos circuitos do mundial da
categoria, nas temporadas de 2023 e 2024. Para isso, foi criada uma equipe
fictícia, a APX GP – com direito à garagem e motorhome –, pela qual correm o
personagem de Pitt, o veterano Sonny Hayes, e seu companheiro de equipe, o
novato Joshua Pearce (Damson Idris, da série Snowfall). Kosinski e sua equipe tiveram
acesso total às corridas e realizaram imagens e sequências com câmeras posicionadas dentro
e fora dos carros – também há uma sequência em um túnel de vento, local de
testes de tecnologia que poucos que acompanham a categoria conhecem.
Pitt e Idris aprenderam a
pilotar monopostos de F2 e F3 e fazem eles mesmo muitas das cenas de corridas do filme,
além de participar de algumas cerimônias de aberturas de alguns grandes prêmios
ao lado de estrelas da F1 atual, como o tetracampeão Max Vestarppen e o
heptacampeão Lewis Hamilton, este um dos produtores do longa-metragem.
Na história, Hayes era uma
das grandes promessas da Fórmula 1 nos anos 1990, considerado um futuro
campeão, um possível sucessor de Ayrton Senna. Mas, ao disputar uma curva com o
mito brasileiro, o então jovem piloto norte-americano sofre um terrível acidente
que acaba precocemente com sua carreira na F1. Trinta anos depois, o ainda
talentoso Sonny vive como piloto de aluguel, vendendo seus serviços e
experiência nas mais diversas categorias, como uma participação na famosa prova
24 Horas de Daytona, nos Estados Unidos, na ótima sequência que abre o filme.
Ele é achado por Ruben
Cervantes (Jarvier Bardem, Oscar de melhor ator coadjuvante por Onde os Fracos
Não Têm Vez), seu antigo companheiro de equipe na F1 e que agora comanda seu próprio
time, a APX GP. Este faz uma proposta irrecusável para Hayes: voltar a pilotar
um Fórmula 1, mesmo depois dos 50 anos de idade. Em mais de dois anos, a APX
não conquistou sequer um ponto na categoria. E se até o final da temporada não
vencer uma corrida, Cervantes será tirado do comando da empresa pelos
investidores. Sonny é sua última e desesperada cartada para salvar a equipe –
ajudando também a desenvolver o talentoso mas ainda inexperiente Pearce – e a
si mesmo.
Assim como o Maverick de Tom
Cruise, o Hayes de Pitt é um outsider, o macho alfa que conduz a vida como bem
entende e tem vários percalços por essa postura. Mas, com diversos clichês
sobre a jornada do veterano que vai ensinar diversas lições ao novato e à própria equipe, o
roteiro escrito por Kosinski ao lado de Ehren Kruger não é tão bom ou
empolgante quanto o da aventura de retorno do aviador.
No que se refere à Fórmula 1,
a trama também é repleta de situações inverossímeis para quem acompanha mais de
perto as corridas. Uma ou outra adaptação para fazer o enredo funcionar até podem
ser aceitáveis – como fez o ótimo Rush – No Limite da Emoção, que criou uma
fictícia rivalidade entre os pilotos James Hunt e Niki Lauda, a qual funcionou
muito bem –, mas Kosinski/Kruger passam muito do aceitável para quem curte
mesmo Fórmula 1.
Na realidade, F1 – O Filme é
mais uma peça de promoção da categoria para o grande público norte-americano,
com chancela da Libert Media, conglomerado que atualmente comanda a categoria. Há anos a
Fórmula 1 tenta ter maior presença nos Estados Unidos, o que tem conseguido
recentemente com a realização de três grandes prêmios no país, além da série da
Netflix Drive to Survive, que trouxe novos espectadores para as corridas, tanto
nos autódromos como nas transmissões de televisão.
Como boa parte dos espectadores
dos Estados Unidos ainda conhece pouco da Fórmula 1, cada sequência de uma
corrida no filme é explicada nos mínimos detalhes por uma fictícia narração nos
autódromos – para piorar, com foco apenas sempre no que acontece com os carros
da minúscula APX GP. Essa ação descritiva vai se tornando cada vez mais
irritante para qualquer fã que conviva há anos com a F1.
Dessa forma, o que faz mesmo valer
o ingresso é a competência de Kosinski como diretor de filmes de ação. São
impressionantes as cenas e sequências das corridas, muito bem sonorizadas
também, que fazem com que o espectador se sinta realmente dentro de um grande
prêmio de F1 – o efeito é maior ainda em uma tela Imax, sistema no qual o filme
foi realizado, e que tem uma sala disponível em Curitiba. Cotação: Bom.
Trailer de F1 – O Filme:
Crédito da foto:
Divulgação/Warner Bros Pictures. Brasil