A Warner/DC inicia uma nova fase de produções de super-heróis com Superman, que estreia nesta quinta-feira (10) nos cinemas brasileiros. O filme é dirigido por James Gunn, que também assumiu recentemente, ao lado do produtor Peter Safran, o comando do DC Studios, responsável por um novo universo compartilhado de filmes e séries de televisão com os famosos personagens dos quadrinhos.
Para isso, foram deixadas
para trás as histórias dos filmes realizados por mais de uma década pela
empresa, em uma tentativa frustrada de espelhar e superar o sucesso da concorrente
Marvel e seu universo de histórias interligadas. Nada mais da visão mais sombria
e pesada do diretor Zack Snyder para os super-heróis da casa em filmes como O Homem
de Aço (2013), Batman vs Superman – A Origem da Justiça (2016) e Liga da
Justiça (2017).
Gunn – que fez história na
Marvel dirigindo a ótima e divertida trilogia Guardiões da Galáxia, e comandou
recentemente para a DC o filme Esquadrão Suicida e a série Pacificador – assume
o comando com total carta branca e começa tudo do zero a partir de Superman, criando
outras histórias e contratando atores e diretores diferentes para o que virá a
seguir.
O novo filme do herói
primordial dos quadrinhos, criado em 1938 pelos jovens Jerry Siegel e Joe
Shuster, não traz uma história de origem. Como é explicado nos letreiros iniciais,
os meta-humanos habitam a Terra há 300 anos. O poderoso extraterrestre do
extinto planeta Kripton chegou há 30 anos e há apenas três anos revelou-se à
população mundial. Superman/Clark Kent (David Corenswet, de Pearl) enfrenta as
primeiras manifestações contra suas ações depois de ter impedido a invasão de Jarhanpur
pela Borávia, países fictícios localizados possivelmente no Oriente Médio,
salvando milhares de pessoas da morte. Ele também encara a perseguição do
bilionário Lex Luthor (Nicholas Hoult, de Nosferatu), que será implacável na
tentativa de destruí-lo. E ainda há o relacionamento recente com Lois Lane (Rachel
Brosnahan, da série Maravilhosa Sra. Maisel), jornalista e companheira de
trabalho no famoso jornal Planeta Diário.
Também autor do roteiro,
James Gunn cria uma aventura muito calcada no clima das histórias em quadrinhos
clássicas das primeiras décadas do super-herói, além de trazer de volta a clássica
trilha do mestre John Williams para os filmes do personagem nas décadas de 1970
e 1980. Dessa forma, o tom é mais leve, com vários espaços para o humor,
sequências mais coloridas e a presença de seres diversos, como outros heróis, monstros,
robôs e também o simpático e hiperativo supercão Kripton. Como a produção dá o
pontapé a todo um universo compartilhado, o diretor decidiu envolver vários
personagens e temas na trama, o que acaba tornando tudo muito difuso a partir
da metade do filme.
Como contraponto ao mundo
imaginário das HQs, aparecem questões atuais, com um certo tom crítico aos
poderes políticos e econômicos vigentes, assim como a utilização das redes
sociais para ataques aos inimigos, um cenário contra o qual um idealista Superman
precisa aprender a lidar. E talvez nunca tenha havido um filme em que o herói
kriptoniano apanhe e sangre tanto – a produção traz as tradicionais e épicas
batalhas do gênero super-heróis nas telas, mas nada que surpreenda muito.
Ganha destaque também o grupo
de heróis ainda denominado Gangue da Justiça (possível embrião da Liga da
Justiça), formado pelo Lanterna Verde Guy Gardner (Nathan Fillion, das séries
Firefly e Castle) – será lançada em breve uma série dos Lanternas Verdes –, a
Mulher-Gavião (Isabela Merced, de Dora e a Cidade Perdida) e o Sr. Incrível (Edi
Gathegi, da série For All Mankind), que já ocupam a Sala da Justiça, conhecida
por quem acompanhava os desenhos dos Super Amigos nos anos 1970 e 1980.
Ainda há o pessoal do Planeta Diário, com Jimmy Olsen (Skyler Gisondo) e Perry White (Wendell Pierce) à frente, os pais biológicos do Superman, vividos por Bradley Cooper e Angela Sarafyan, os pais adotivos, interpretados por Neva Howell e Pruitt Taylor Vince. A Supergirl (Milly Alcock), protagonista do próximo filme da DC, também aparece rapidamente.
Gunn deveria ter focado muito
mais em seu personagem central, mas, na grande mistura do filme, há mais acertos do
que erros, com destaque para as performances de David Corenswet, Rachel
Brosnahan e Nicolas Hoult, escolhas mais do que acertadas para os protagonistas,
além do retorno do Superman à sua essência, bondoso e preocupado com a
humanidade. Em tempo, a produção tem duas cenas pós-créditos.
A expectativa em relação ao
filme é muito grande. A se conferir como ele será recebido por um público que
parece ter se cansado um pouco das histórias de super-heróis nas telas e
telinhas – vide o fracasso das recentes produções da Marvel tanto para cinema
como para tevê; a empresa tentar entrar nos eixos com Quarteto Fantástico –
Primeiros Passos, que estreia no fim deste mês. O problema é a saturação do
gênero e a farta oferta de produções de vários estilos nos concorrentes, principalmente no
streaming. Gunn e Safran precisam criar um universo muito azeitado e
interessante para ter sucesso e manter a DC nos trilhos. É aguardar os próximos
capítulos. Cotação: Bom.
Trailer de Superman:
Crédito da foto: Warner Bros.
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