Neto Vettorello lança exposição De Urihi a Òrun no Barleria

 


Considerado um dos grandes nomes da arte contemporânea no Brasil, Neto Vettorello lança nesta quinta-feira (7), no Barleria, no bairro São Francisco, sua mais nova exposição, De Urihi a Òrun. A mostra conta com dez trabalhos exclusivos, destacando gestos poéticos e políticos que evocam o sagrado, resgatando memórias silenciadas e convidando o público a escutar narrativas invisibilizadas pelas histórias oficiais.

“A proposta estabelece uma travessia sensível entre dois universos espirituais: Urihi, a floresta viva na cosmologia Yanomami, e Òrun, o plano ancestral da tradição Iorubá. A partir dessas cosmovisões, Vettorello constrói um conjunto de obras que circula entre o visível e o invisível, o material e o espiritual, a cidade e a mata, o presente e o tempo mítico”, destaca o curador Felipe Oliver.

Com mais de duas décadas de trajetória, Vettorello iniciou sua atuação artística no final dos anos 1990, por meio do graffiti e da cultura urbana, transformando muros em espaços de expressão coletiva. Hoje, seu trabalho combina graffiti, pintura, design gráfico, vídeo e escultura, criando experiências visuais imersivas tanto em espaços públicos quanto institucionais. Suas obras já foram apresentadas em mais de 30 países, com participações em festivais, projetos com marcas e parcerias com instituições culturais.

Um dos elementos centrais de sua produção é Tani É, personagem simbólico que transita entre o humano, o ancestral e o espiritual, e que conduz as investigações do artista sobre identidade, pertencimento e memória. Em De Urihi a Òrun, essa figura também acompanha o público na jornada proposta, como guia entre mundos. “Além de experiência estética, a exposição carrega uma dimensão de denúncia. Critica o apagamento dos povos originários e pretos, a destruição de seus territórios, apontando para as queimadas que ameaçam não apenas a floresta, mas também histórias, mitos, rituais e futuros”, destaca o artista.

Nesse contexto, ele propõe o “reencantamento como resistência”: uma escuta espiritual ativa frente ao colapso e uma afirmação radical da vida diante do esquecimento. Ao unir cosmologias indígenas e afro-brasileiras, a mostra convida o público a repensar sua relação com o território, com a natureza e com o outro. “Mais do que uma exposição, é um gesto ancestral de reconexão — um espaço onde arte, espírito e território se tornam inseparáveis”, completa Vettorello.


Serviço:

Exposição De Urihi a Òrun, de Neto Vettorello 

Barleria (Al. Julia da Costa, 252 – São Francisco)

De 7 e 31 de agosto. 

Informações: Instagram  @netovettorello e @barleria_

Entrada gratuita.


Crédito da foto: Divulgação