A simples vida de Chuck – FILMES, por Rudney Flores

 


Escritor que tem várias obras adaptadas para o audiovisual, Stephen King chega novamente aos cinemas com A Vida de Chuck, filme de Mike Flanagan que estreia nesta quinta-feira (4) no Brasil. É a segunda vez que o diretor e roteirista leva às telas um texto do escritor – a primeira foi com Dr. Sono (2019), continuação do clássico O Iluminado.

Diferente do gênero terror que consagrou King em obras como O Iluminado, Carrie – A Estranha e It – A Coisa, entre muitos outros títulos, A Vida de Chuck é uma história que fala de forma filosófica sobre a vida e o tempo que se tem na Terra, tudo baseado em três momentos do protagonista Charles “Chuck” Krantz – vivido por Tom Hiddleston (o Loki dos filmes da Marvel), Jacob Tremblay (O Quarto de Jack, Extraordinário) e a revelação Benjamin Pajak, apresentados de forma cronológica inversa – algo próximo de O Curioso Caso de Benjamin Button, mas só no formato, não na intensão.

Inicialmente, Chuck é a figura enigmática que aparece em cartazes nas ruas e em anúncios de TV de um planeta à beira de um colapso, no qual a internet não funciona mais e onde estão acontecendo tragédias geológicas. Neste cenário, destacam-se personagens como o professor Marty (Chiwetel Ejiofor, de 12 Anos de Escravidão) e a enfermeira Felicia (Karen Gillan, dos filmes Guardiões da Galáxia e da franquia Jumanji), casal separado que volta a se encontrar em meio ao caos reinante, discutindo teorias e proposições do reconhecido cientista Carl Sagan.

Na segunda sequência, Chuck (Hiddleston) visita a cidade de Boston a trabalho. Ao andar pelas ruas, ele encontra uma baterista (Taylor Gordon, conhecida como The Pocket Queen) e se envolve com o som tocado por ela, que traz de volta algumas boas memórias. Como em um filme musical, ele inicia uma dança improvisada que encanta os passantes, incluindo a personagem Janice (Annalise Basso, de Capitão Fantástico), que passa a bailar com Chuck.

Por fim, um Chuck adolescente – interpretado primeiro por Pajak, e depois por Tremblay – vive com os avós Sarah (Mia Sara, de Curtindo a Vida Adoidado) e Albie (Mark Hamill, o eterno Luke Skywalker da franquia Star Wars), após a morte dos pais. A avó o inicia na dança, a qual fará o menino ganhar destaque na escola, enquanto o avô apresenta a profissão que irá defender quando for adulto, a de contador. Há ainda um elemento do fantástico – inerente a outras obras de King, como À Espera de um Milagre, adaptado por Frank Darabont – representado por uma porta que não deve ser aberta.

O espectador atual possivelmente vai se identificar e se assustar com a primeira parte da produção, pois talvez não haja maior temor para boa parte das pessoas de hoje em dia do que viver sem o mundo virtual da internet – situação que quem nasceu neste século não vivenciou. Apesar de estar quase desconectada do restante da história, a curta sequência de dança no segundo ato é puro deleite para quem aprecia os clássicos musicais do cinema, com o trio Hiddleston-Basso-Queen em completa sintonia. Para completar, o sentimentalismo predomina no arco final, com atuações de muito destaque de Pajak, Sara e Hamill.

Flanagan poderia ter se aprofundando mais nas questões filosóficas, mas mesmo assim o filme deve atingir o espectador em seu intento em fazê-lo refletir mais sobre a efemeridade da vida. Cotação: Bom.

 

Trailer de A Vida de Chuck:

 


 

 

Crédito da foto: Divulgação Diamond Films Brasil