O mundo atual do audiovisual é marcado por diversas franquias. Uma delas é John Wick, estrelada por Keanu Reeves, que começou com um filme pequeno de vingança e que depois evoluiu para uma sequência de mais três grandes produções, nas quais o personagem central vai ganhando ares de quase imortal. Como acontece com muitas propriedades lucrativas, John Wick não escapou de ter seu universo expandido, dando origem à série spin-off O Continental (disponível no streaming Prime Vídeo) – que foca na origem do personagem Winston, gerente do icônico hotel da franquia –, e agora ao longa-metragem Bailarina, uma das estreias da semana nos cinemas brasileiros.
Dirigido por Len Wiseman (da franquia
Anjos da Noite, além de Duro de Matar 4.0 e o remake de O Vingador do Futuro), Bailarina
é protagonizado pela atriz cubana Ana de Armas (de Blade Runner 2049 e indicada
ao Oscar de melhor atriz por Blonde). Ela interpreta Eve, integrante da organização
de assassinos Ruska Roma, grupo que se esconde atrás de uma companhia de balé comanda
pela diretora defendida pela grande Anjelica Houston – está é a ponte com a
série John Wick, especificamente no seu terceiro episódio, Parabellum.
Wick, Winston (Ian MacShane) e Charon, o concierge do Continental (Lance Reddick, que deixou cenas gravadas e segue aparecendo após sua morte em 2023, assim como aconteceu em John Wick 4 – Baba Yaga), também marcam presença na história, uma jornada de Eve para vingar seu pai, assassinado pelos integrantes de outra organização de matadores, quando ela era ainda uma criança. Outros personagens em destaque são vividos por Gabriel Byrne (Os Suspeitos) e Catalina Sandino Moreno (indicada ao Oscar por Maria Cheia de Graça), que fazem parte do grupo inimigo da protagonista. Há ainda pontas de Norman Reedus (o Daryl Dixon das séries The Walking Dead), como um renegado dos vilões, e de Anne Parilloud (a Nikita do filme homônimo de Luc Besson, personagem que se assemelha a Eve em seu treinamento), que aparece como a concierge de um hotel equivalente ao Continental na cidade de Praga (capital da República Tcheca).
Apesar de ser creditado unicamente
como diretor, Wiseman teve parte do seu trabalho alterado (o quanto não foi
divulgado), pois o corte final não teria agradado os produtores do filme,
incluindo Chad Stahelski, o responsável pelo universo John Wick e que teria
refilmado várias sequências de ação – atividade que, aliás, é praxe em várias grandes
produções de Hollywood –, o que atrasou a estreia do longa em um ano.
Diferente dos filmes
estrelados por Keanu Reeves – de violência ultra estetizada, com suas lutas e
tiroteios que remetem quase a um videogame –, a ação em Bailarina é muito mais
física, tem mais sangue, com Eve presente em fortes combates corpo a corpo e
nos quais até apanha bastante. Como na franquia original, deve-se esquecer
alguma lógica em certas partes do roteiro, pois o foco mesmo é criar grandes
sequências visuais – e isso inclui a participação de John Wick na trama (onde
arranjaria tempo para lidar com Eve durante as intensas sequências de
Parabellum e Baba Yaga?).
O resultado final deixa a
desejar e o filme pouco empolga. As lutas coreografadas, apesar de bem
realizadas (quais são de Wiseman e quais de Stahelski?), não trazem grande
novidade – há uma até interessante com espadas, mais curta, e outra com lança-chamas,
que, ao contrário, estende-se demais. E Ana de Armas defende bem seu papel, mas
a história de vingança de sua personagem é bem genérica, e também não apresenta
nada que chame mais a atenção. Cotação: Regular.
Trailer de Bailarina:
Crédito da foto: Divulgação
Paris Filmes