Os filmes e séries sobre zumbis têm grande presença no audiovisual atual. Marcado inicialmente pelos diversos longas-metragens que George A. Romero dirigiu sobre o tema – iniciando em 1968 com o clássico A Noite dos Mortos-Vivos –, esse subgênero das obras de terror ganhou um maior impulso no início dos anos 2000, com produções como a que deu início à franquia Resident Evil (2002), além de Madrugada dos Mortos (remake de um dos filmes de Romero que Zack Snyder apresentou em 2004) e Extermínio (2002), do diretor inglês Danny Boyle (Trainspotting, Quem Quer Ser um Milionário). Este último retorna à sua criação com Extermínio – A Evolução, que estreia nesta quinta-feira (19) nos cinemas do Brasil.
No filme original, ativistas ingleses
libertam macacos cobaias infectados com um vírus da raiva. Estes atacam e
mordem pessoas que de imediato se transformam em mortos-vivos ultraviolentos, e
que também vão infectar e matar quase toda a população do Reino Unido. A horda
de zumbis se alastra pela ilha britânica e parte da Europa em pouco tempo.
Vinte e oito dias depois (nome do filme em inglês) do início da epidemia, Jim (um
iniciante e desconhecido Cillian Murphy, muito antes do Oscar de melhor por Oppenheimer,
em 2024) acorda sozinho em um hospital e encontra a cidade de Londres vazia.
Ele se une a algumas poucas pessoas que não foram infectadas e juntos todos buscam
chegar a um local seguro e livre dos zumbis. Assim como os filmes de Romero, o
longa de Boyle, com roteiro de Alex Garland, utiliza os mortos-vivos como metáfora
de questões sociais e políticas da época – houve ainda uma continuação,
Extermínio 2 (28 Weeks Later ou 28 semanas depois), dirigida Juan Carlos
Fresnadillo, lançada em 2007.
A dupla Boyle-Garland centra
a nova história 28 anos depois (28 Years Later, nome original da produção) do
aparecimento dos zumbis. Na trama, a epidemia foi controlada na Europa
Ocidental, mas não no Reino Unido, que vive uma longa quarentena imposta pelos outros
países europeus. Com os mortos-vivos ainda dominando quase todo o território, a
sociedade britânica regride centenas de anos. Os não-infectados passam a viver
em pequenos grupos isolados, locais que parecem antigos fortes, nos quais os
moradores mantêm costumes tribais, quase como uma volta à Idade Média.
Em uma dessas comunidades
vive Jamie (Aaron Taylor-Johnson, de Kick-Ass), que decide antecipar o ritual
de passagem do filho Spike (o estreante Alfie Williams) e o leva em uma viagem
para fora da tribo, para conhecer e matar zumbis em campo aberto. Com o passar
dos anos, os mortos-vivos acabaram evoluindo pela ação diferente do vírus da
raiva em cada um, indo de seres gordos e rastejantes até os anabolizados alfa, que
demonstram certa inteligência e arrancam as cabeças de suas vítimas. Além de
perigosa, a aventura de pai e filho trará sérias consequências para sua
relação. O jovem Alfie Williams se destaca na jornada de crescimento de seu
personagem no filme, que também ressalta uma participação especial de Ralph
Fiennes em um papel enigmático.
Realizado todo com câmeras de
smartphones, Extermínio – A Evolução impressiona com um visual diferente e
impactante, sendo ainda entrecortado por várias cenas de filmes antigos de
guerra, destacando a violência inerente ao ser humano, não importando a época
ou a situação. O ótimo roteiro de Garland também traz novas metáforas, sendo as
mais claras relacionadas ao brexit, que marcou a saída do Reino Unido da União
Europa, isolando de certa forma a ilha britânica na região, e também a epidemia
da Covid-19, outra a provocar isolamento, mas em escala mundial.
O novo projeto foi criado
como uma trilogia e o final desta primeira parte dá um gancho para a segunda, que
já foi filmada e está em fase de pós-produção. Dirigido por Nia DaCosta (A
Lenda de Candyman, As Marvels), o longa já tem título definido – Extermínio –
Templo de Ossos – e deve ser lançado em 2026. A terceira parte ainda não foi
anunciada oficialmente, mas pode trazer de volta o personagem de Cillian
Murphy. Cotação: Ótimo.
Trailer de Extermínio – A Evolução:
Crédito da foto: Divulgação Sony Pictures Brasil