O Instituto Moreira Salles (IMS) está lançando, nesta sexta-feira (13), o curta-metragem O Arquivo de Dalton Trevisan, sobre o cultuado escritor curitibano, morto no final do ano passado. O filme, que celebra o centenário do autor paranaense, a ser completado neste sábado (14), gira em torno do arquivo de Trevisan doado ao IMS em 2024. Filmado na residência do escritor em Curitiba, o curta traz uma raridade: um breve registro de Trevisan, conhecido pelas poucas aparições públicas, trabalhando em frente ao seu computador, aos 99 anos. A produção já está disponível no canal do IMS no YouTube.
Com cerca de 10 minutos, o filme é narrado por Fabiana Faversani, agente literária e amiga de Trevisan, que mostra materiais do arquivo do escritor, naquele momento armazenados no apartamento onde ele morava. São livros, fotografias, correspondências, recortes de jornais e diários, entre outros itens. Segundo ela, o autor doou seu arquivo ao IMS “por ter plena ciência da importância do material estar disponível para pesquisa e provocar uma série de novas discussões sobre a obra”.
O Arquivo de Dalton Trevisan dialoga com uma série de iniciativas realizadas em celebração ao centenário do escritor. A editora Todavia, por exemplo, que o representa desde 2024, publicará os primeiros seis de um conjunto de 37 livros de Trevisan, mais uma antologia inédita organizada por Caetano W. Galindo e Felipe Hirsch. As demais obras ganharão novas edições ao longo dos anos.
Doado pelo escritor ao IMS em 2024, o arquivo de Dalton Trevisan inclui cadernetas, diários, fotografias, cartas, recortes de jornais e livros. A doação concluiu um ato iniciado em outubro de 2020, quando o IMS recebeu do autor a extensa correspondência trocada com Otto Lara Resende (1922-1992).
Entre os destaques, estão pastas com recortes de jornais e revistas, incluindo desde crônicas suas publicadas na imprensa, grande quantidade de resenhas e reportagens sobre seus livros, como também material reunido por temas específicos: crimes, cinema, Star Trek, saga da qual era fã, e escândalos políticos, entre outros. O arquivo traz ainda dezenas de gravuras e ilustrações de Poty Lazzarotto (1924-1998), amigo desde a juventude e ilustrador de suas obras, e correspondências trocadas com nomes como Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Pedro Nava.
Com a chegada ao IMS, o arquivo de Trevisan passará por etapas de conservação, catalogação e digitalização, para então começar a ser disponibilizado para pesquisas, de modo que o público tenha acesso ao material.
Trevisan
Dalton Trevisan nasceu em Curitiba, em 14 de junho de 1925, e faleceu no dia 9 de dezembro de 2024, aos 99 anos. Formou-se em direito pela Universidade Federal do Paraná e chegou a exercer a advocacia durante alguns anos, tendo atuado também como crítico de cinema e repórter policial. Em 1946, aos 21 anos, com amigos como Erasmo Pilotto e Poty Lazzarotto, criou a revista literária Joaquim, da qual era editor e onde publicou seus primeiros contos.
Seu primeiro livro, Novelas Nada Exemplares, o tornou nacionalmente conhecido – a reunião de contos ganhou o Prêmio Jabuti, primeiro dos quatro que colecionou ao longo da carreira, consagrada ainda com os prêmios Ministério da Cultura de Literatura (1996), Portugal Telecom de Literatura Brasileira, atual Oceanos, dividido com Bernardo Carvalho (2003), Camões (2012) e Machado de Assis, da ABL (2012).
Entre seus livros, destacam-se ainda Cemitério de Elefantes (1964), O Vampiro de Curitiba (1965), do qual herdou a famosa alcunha, Contos Eróticos (1984), A Guerra Conjugal (1975), Macho Não Ganha Flor (2006) e o único romance, A Polaquinha (2013). A partir deste ano, sua obra completa será relançada pela editora Todavia.
Serviço:
Curta-metragem O Arquivo de Dalton Trevisan
Canal do YouTube do IMS: www.youtube.com/watch?v=mmu7JHJBTek
Crédito da foto: Instituto Moreira Salles