A batalha dos Roses – FILMES, por Rudney Flores

 


O sarcástico e irônico humor britânico é o mote da comédia Os Roses – Até Que a Morte os Separe, umas das estreias da semana nos cinemas brasileiros. Estrelado por Olivia Colman (Oscar de melhor atriz por A Favorita) e Benedict Cumberbatch (indicado ao Oscar de melhor ator por O Jogo da Imitação e Ataque dos Cães), e dirigido por Jay Roach (Entrando numa Fria, O Escândalo), o filme é uma nova adaptação de A Guerras dos Roses, livro do escritor norte-americano Warren Adler que já teve uma versão para as telas realizada no final dos anos 1980, com Michael Douglas, Kathleen Turner e Danny DeVito, também diretor da produção homônima.

Os Roses desta vez são ingleses. O arquiteto de sucesso Theo Rose (Cumberbatch) e sua esposa Ivy (Colman), uma chef de cozinha, mudam-se para os Estados Unidos pelo trabalho dele, levando junto o casal de filhos gêmeos. A vida familiar é quase tão feliz quanto um comercial de margarina, com Ivy se dedicando às crianças, as quais adora entupir de açúcar com suas receitas, enquanto Theo se envolve em projetos grandiosos.

Para estimular e agradar a esposa, ele investe na construção de um restaurante para ela. O negócio é tocado quase como um hobby por Ivy, mas uma grande tempestade irá mudar radicalmente a vida do casal. A tormenta destrói um projeto mal elaborado pelo arquiteto, ao mesmo tempo em que leva muita gente a se refugiar no pequeno restaurante, incluindo uma famosa crítica culinária, que descobre a chef. No outro dia, Theo está demitido e com a carreira arruinada, enquanto Ivy é a grande novidade no mundo da gastronomia.

Os papéis logo se invertem na família Rose, com a esposa trabalhando cada vez mais, enquanto o marido fica em casa, transformando os filhos em atletas malucos por corrida. Com o tempo, as relações de Ivy e Theo se deteriora em divertidos embates verborrágicos e cheios de ironias, mas que também vão ficando pesados e até violentos – uma mudança de foco no texto de Adler promovida pelo roteirista Tony McNamara (indicado ao Oscar de melhor roteiro por A Favorita e Pobres Criaturas), trazendo a trama para os dias atuais, nos quais ainda boa parte dos homens não consegue aceitar o sucesso da companheira (para não dizer todos).

Os Roses é todo da dupla e atores ingleses, deixando pouco espaço para coadjuvantes como os comediantes norte-americanos Kate McKinnon e Andy Samberg (ambos lançados pelo humorístico Saturday Night Live), que interpretam o casal melhor amigo dos Roses, e também a oscarizada Allison Janney (de Eu, Tônia), que faz apenas uma ponta como a advogada de Ivy.

Os excelentes protagonistas brilham na produção, com Olivia Colman mostrando sua conhecida expertise na comédia, assim como Benedict Cumberbatch apresenta uma ótima veia cômica ainda pouco explorada, vista apenas em alguns filmes de Wes Anderson em que atuou – para os mais antigos, os embates do casal vão lembrar algumas das divertidas novelas das sete que a Globo realizava nos anos 1980 e 1990; Guerra dos Sexos, de Silvio de Abreu, com Fernanda Montenegro e Paulo Autran, notadamente. Cotação: Bom.

 

Trailer de Os Roses – Até Que a Morte os Separe:

 


 

 

Crédito da foto: Divulgação 20th Century Studios Brasil