Publicado no final do século 19 pelo escritor irlandês Bram Stoker, Drácula é uma das obras mais adaptadas no audiovisual, passando por diversos gêneros, do terror original à comédia. A mais nova versão do famoso vampiro chega às telas pelas mãos do diretor francês Luc Besson, que apresenta Drácula – Uma História de Amor Eterno, uma das estreias da semana nos cinemas brasileiros.
Como salienta o título, o
cineasta de diversificada carreira – que passa por ótimos filmes de ação como
Nikita – Criada para Matar e O Profissional e ficções como O Quinto Elemento e
Lucy – investe na paixão do príncipe romeno Vlad (Caleb Landry Jones, repetindo
a parceria com Besson de Dogman) por sua esposa Elisabeta (Zoë Bleu, filha da atriz
Rosanna Arquette, de Procura-se Susan Desesperadamente) através dos séculos, não
investindo tanto no lado mais assustador da história de Stoker – assim como já
havia feito Francis Ford Coppola com seu Drácula de Bram Stoker, de 1992.
Na trama, o nobre
protagonista vive dias de intenso romance com sua bela princesa – vale lembrar
que esse envolvimento não existe na obra original. Mas é levado à guerra a
pedido da Igreja, para barrar a investida dos muçulmanos no continente europeu,
tarefa que aceita revelando uma única condição ao clérigo local: pode até
morrer em campo, mas Deus deve proteger sua amada. Porém, ela é assassinada em
uma ação dos inimigos, causando a fúria de Vlad, que renega a Igreja e se alia
às forças do mal, tornando-se o vampiro Drácula.
Ele passa a vagar pelos
séculos seduzindo mulheres e aumentando seu séquito de vampiros. Ao negociar a
compra de uma propriedade na França da época da Revolução, encontra em uma foto
da noiva do vendedor a imagem de sua amada, e ruma para Paris para encontrá-la
e conquistá-la.
Besson destaca bonitos cenários
e figurinos na corte francesa em um filme mais iluminado, em comparação a
outras adaptações do clássico de Stoker. Mas não traz nada de novo ou surpreendente
para a história, que se arrasta em vários momentos em suas pouco mais de duas
horas de projeção – e, pela proximidade, fica impossível não comparar o filme
com Nosferatu, de Robert Eggers, lançando no Brasil em janeiro, inspirado pela
mesma obra e um trabalho nitidamente muito superior.
O Drácula de Caleb Jones não
chega a ser assustador, e passa mais tempo sofrendo e murmurando por Elisabeta do
que a sugar pescoços e assustar o espectador. E o ator também não oferece uma
versão marcante do personagem, assim como muitos outros que o antecederam. O
restante do elenco também não tem nenhum destaque, nem mesmo Christophr Waltz,
que vive o padre algoz de Vlad, que tem paralelos com o caçador de vampiros Van
Helsing do livro original – mais uma vez, ator austríaco aparece em uma
monocórdica interpretação, como quase sempre fez depois dos dois Oscars de ator
coadjuvante vencidos por Bastardos Inglórios e Django Livre, filmes de Quentin
Tarantino. Cotação: Regular.
Trailer de Drácula – Uma
História de Amor Eterno:
Crédito da foto: Divulgação
Paris Filmes