A Caixa Cultural Curitiba recebe, a partir desta quinta-feira (30), o espetáculo Deserto, primeira criação teatral brasileira inspirada na obra e nas memórias do escritor chileno Roberto Bolaño. A montagem, idealizada e produzida pela Polifônica, propõe ao público uma investigação sobre o papel da poesia e da arte diante das violências do mundo contemporâneo. Ao todo, serão oito apresentações até 9 de novembro, de quinta-feira a sábado, sempre às 20 horas, e domingos, sempre às 19 horas. Os ingressos estão à venda na Caixa Cultural e no site Bilheteria Cultural.
A apresentação do dia 2 de novembro terá tradução em Libras; neste dia, após o espetáculo, o público será convidado a participar de um bate-papo com o diretor Luiz Felipe Reis e o ator Renato Livera, momento dedicado ao compartilhamento de reflexões sobre o processo criativo e os temas abordados na montagem.
O monólogo articula teatro, literatura, poesia, música e instalações de vídeo em uma experiência multilinguagem. Em cena, Livera encarna o próprio Bolaño, emprestando seu corpo e voz às palavras do autor, para compartilhar suas inquietações éticas, políticas e poéticas. A dramaturgia acompanha os últimos anos de vida do escritor, diagnosticado com uma doença hepática crônica, e sua persistente dedicação à escrita como forma de afirmação da vida.
Deserto revisita fragmentos de obras emblemáticas do autor, como 2666, Os Detetives Selvagens e O Gaúcho Insofrível, para investigar o lugar da criação poética diante das forças de opressão, desigualdade e devastação que marcam a atualidade, por meio de narrativas que entrelaçam vida e criação artística, memória e resistência.
Reconhecido pela crítica e pelo público, a montagem foi indicada aos prêmios APTR e Shell nas categorias de atuação, direção e dramaturgia, e já passou por importantes palcos do país. O espetáculo conta com patrocínio da Caixa e Governo Federal.
Poeta da resistência
Considerado um dos maiores nomes da literatura latino-americana contemporânea, Roberto Bolaño (1953–2003) construiu uma obra marcada pela inquietação política, pela experimentação literária e pela busca incessante de sentido em meio ao caos. Nascido no Chile e radicado na Espanha, viveu entre diferentes países e contextos históricos, sempre atento às contradições do mundo.
Autor de romances, contos, crônicas e poemas, Bolaño deixou um legado literário composto por títulos como A Literatura Nazista na América, Putas Assassinas, Os Detetives Selvagens e 2666, este último considerado sua obra-prima. Sua escrita, ao mesmo tempo lírica e crítica, é atravessada por temas como exílio, violência, marginalidade e o papel do artista como testemunha e resistência.
Serviço:
Deserto
Caixa Cultural Curitiba Rua Conselheiro Laurindo, 280 Centro)
De 30 de outubro a 9 de novembro; quinta-feira a sábado, sempre às 20h, e domingo às 19h. A sessão de 2 de novembro contará com tradução em Libras e, ao término, haverá bate-papo com o diretor Luiz Felipe Reis e o ator Renato Livera.
Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada), à venda em www.bilheteriadigital.com/deserto-30-de-outubro e na bilheteria da Caixa Cultural.
Classificação indicativa: 16 anos
Crédito da foto: Renato Mangolin

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