A produção dirigida por Edgar
Wright (Em Ritmo de Fuga) é uma nova adaptação do livro O Concorrente (The
Running Man, no original), do consagrado Stephen King. A obra foi escrita sob o
pseudônimo Richard Bachman, utilizado também pelo autor em obras mais sombrias, como O
Iluminado. O texto ganhou a primeira versão nos cinemas em 1987, estrelada por
Arnold Schwarzenegger – o segundo de uma trilogia de filmes de temática
futurista que o ator fez na época, junto com o Exterminador do Futuro (1984) e
O Vingador do Futuro (1990). Mas diferente do livro de King, O Sobrevivente com
o astro austríaco é um filme um tanto espalhafatoso, com um lado bem satírico e
vilões caricatos ou escrotos, e que diverte até hoje em reapresentações na
programação da TV paga. Ou seja, bem distante do distópico mundo sombrio
proposto pelo escritor.
O filme de Wright, que assina
também o roteiro ao lado de Michael Bachall, procura ser mais fiel ao livro. Na
história, Ben Richards (Powell) é um desempregado em uma sociedade norte-americana
controlada por um gigante conglomerado de mídia e que tem bem definidas suas
categorias, com uma grande população pobre e uma minoria privilegiada.
Com uma filha pequena doente
e sem dinheiro para comprar remédios, o protagonista tenta reaver sem sucesso o
emprego perdido por ter feito o certo e defendido companheiros de injustiças no
trabalho. Sem alternativas, ele decide se candidatar a um dos diversos
programas de televisão que oferecem ótimas premiações, mas que são perigosos e
humilham e até matam seus concorrentes em provas sádicas, em menor ou maior
nível, o principal entretenimento de uma sociedade violenta e ao mesmo tempo
anestesiada, sem reação ao poder central.
Por seu perfil, ele é
selecionado para participar de O Sobrevivente, a maior atração da rede chamada GratuiTV,
que tem como produtor o vilão Dan Killian (Josh Brolin, de Onde os Fracos Não
Têm Vez) e é apresentado por Bobby T (Colman Domingo, de Sing Sing). A missão de
Richards é sobreviver 30 dias sendo perseguido pelos sanguinários caçadores do
programa, e também por toda a população do país, que ganha dinheiro ao denunciar
seu paradeiro – como homenagem, as notas de 100 novos dólares no filme têm a
figura de Schwarzenegger. A premiação final, nunca conquistada por qualquer
concorrente, é de um bilhão de dólares.
Criada como crítica ao poder
nos anos do governo Ronald Reagan nos Estados Unidos, no início da década de 1980,
a obra de King se mantém atual em tempos de diferenças sociais cada vez mais
acentuadas. A atualização de Wright traz a trama para os tempos tecnológicos
atuais, de manipulação da verdade através da inteligência artificial, e de uma
sociedade cada vez mais violenta por incentivo de extremismos.
Mesmo com altos e baixos, como o final apressado, O Sobrevivente ainda é boa opção de entretenimento. O diretor apresenta um filme de ação frenética em suas mais de duas horas de projeção, e atira para vários lados nas questões mais políticas, mas sem um foco certo e sem fechar algumas tramas. No elenco, Powell mostra que pode comandar um blockbuster, confirmando a condição de novo astro de ação, com Domingo se destacando também em seus poucos momentos. Já Brolin opta por uma atuação sem muitas nuances do seu vilão.
A produção também destaca uma trilha sonora vibrante, uma característica dos trabalhos de Wright, e ainda tem participações especiais de Michael Cera (Scott Pilgrim Contra o Mundo) e William H. Mack (Magnólia) em personagens importantes que ajudam Richards em sua trajetória. Cotação: Bom.
Trailer de O Sobrevivente:
Crédito da foto: Divulgação/Paramount
Pictures Brasil

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