Ação frenética na nova versão de O Sobrevivente – FILMES, por Rudney Flores

 


 Um dos principais filões de Hollywood são as refilmagens de produções, sejam aquelas que fizeram sucesso ou mesmo algumas obscuras. Dentro da primeira categoria, chega ao Brasil nesta quinta-feira (20) O Sobrevivente, filme protagonizado por Glen Powell (Top Gun – Maverick), estrela em ascensão no cinema norte-americano.

A produção dirigida por Edgar Wright (Em Ritmo de Fuga) é uma nova adaptação do livro O Concorrente (The Running Man, no original), do consagrado Stephen King. A obra foi escrita sob o pseudônimo Richard Bachman, utilizado também pelo autor em obras mais sombrias, como O Iluminado. O texto ganhou a primeira versão nos cinemas em 1987, estrelada por Arnold Schwarzenegger – o segundo de uma trilogia de filmes de temática futurista que o ator fez na época, junto com o Exterminador do Futuro (1984) e O Vingador do Futuro (1990). Mas diferente do livro de King, O Sobrevivente com o astro austríaco é um filme um tanto espalhafatoso, com um lado bem satírico e vilões caricatos ou escrotos, e que diverte até hoje em reapresentações na programação da TV paga. Ou seja, bem distante do distópico mundo sombrio proposto pelo escritor.

O filme de Wright, que assina também o roteiro ao lado de Michael Bachall, procura ser mais fiel ao livro. Na história, Ben Richards (Powell) é um desempregado em uma sociedade norte-americana controlada por um gigante conglomerado de mídia e que tem bem definidas suas categorias, com uma grande população pobre e uma minoria privilegiada.

Com uma filha pequena doente e sem dinheiro para comprar remédios, o protagonista tenta reaver sem sucesso o emprego perdido por ter feito o certo e defendido companheiros de injustiças no trabalho. Sem alternativas, ele decide se candidatar a um dos diversos programas de televisão que oferecem ótimas premiações, mas que são perigosos e humilham e até matam seus concorrentes em provas sádicas, em menor ou maior nível, o principal entretenimento de uma sociedade violenta e ao mesmo tempo anestesiada, sem reação ao poder central.

Por seu perfil, ele é selecionado para participar de O Sobrevivente, a maior atração da rede chamada GratuiTV, que tem como produtor o vilão Dan Killian (Josh Brolin, de Onde os Fracos Não Têm Vez) e é apresentado por Bobby T (Colman Domingo, de Sing Sing). A missão de Richards é sobreviver 30 dias sendo perseguido pelos sanguinários caçadores do programa, e também por toda a população do país, que ganha dinheiro ao denunciar seu paradeiro – como homenagem, as notas de 100 novos dólares no filme têm a figura de Schwarzenegger. A premiação final, nunca conquistada por qualquer concorrente, é de um bilhão de dólares.

Criada como crítica ao poder nos anos do governo Ronald Reagan nos Estados Unidos, no início da década de 1980, a obra de King se mantém atual em tempos de diferenças sociais cada vez mais acentuadas. A atualização de Wright traz a trama para os tempos tecnológicos atuais, de manipulação da verdade através da inteligência artificial, e de uma sociedade cada vez mais violenta por incentivo de extremismos.

Mesmo com altos e baixos, como o final apressado, O Sobrevivente ainda é boa opção de entretenimento. O diretor apresenta um filme de ação frenética em suas mais de duas horas de projeção, e atira para vários lados nas questões mais políticas, mas sem um foco certo e sem fechar algumas tramas. No elenco, Powell mostra que pode comandar um blockbuster, confirmando a condição de novo astro de ação, com Domingo se destacando também em seus poucos momentos. Já Brolin opta por uma atuação sem muitas nuances do seu vilão. 

A produção também destaca uma trilha sonora vibrante, uma característica dos trabalhos de Wright, e ainda tem participações especiais de Michael Cera (Scott Pilgrim Contra o Mundo) e William H. Mack (Magnólia) em personagens importantes que ajudam Richards em sua trajetória. Cotação: Bom.

 

Trailer de O Sobrevivente:

 


 

 

Crédito da foto: Divulgação/Paramount Pictures Brasil