Chalamet é destaque em Um Completo Desconhecido – FILMES, por Rudney Flores

 


 Um dos maiores compositores da história da música, Bob Dylan é tema de mais uma cinebiografia, que estreia nesta quinta-feira (27) nos cinemas brasileiros. Um Completo Desconhecido, do diretor James Mangold (Johnny & June, Logan, Ford vs Ferrari), traz um recorte da carreira do artista nos 1960, da sua chegada a Nova York para brilhar na música folk até a polêmica o começo do uso de guitarras elétricas, sendo considerado “traidor do movimento folk”.

A produção é a nona das dez indicadas a melhor filme a estrear no Brasil antes da premiação do Oscar, que será realizado no próximo domingo (2/3) – a única a não lançada nas salas do país é Nickel Boys, que chega exclusivamente no streaming Prime Video também nesta quinta. Além da categoria principal, Um Completo Desconhecido está indicado a mais sete Oscars: melhor diretor, ator (Timothée Chalamet), atriz coadjuvante (Monica Barbaro), ator coadjuvante (Edward Norton), roteiro adaptado, figurino e som.

A história do filme mostra Dylan (Chalamet, da franquia Duna e indicado ao Oscar de melhor ator por Me Chame pelo Seu Nome) desembarcando na Big Apple para visitar seu ídolo, o cantor e compositor folk Woody Guthrie (Scoot McNairy, de Argo), que está internado devido a uma doença degenerativa. No hospital, ele conhece o também cantor Pete Seeger (Norton, de Clube da Luta), para o qual interpreta uma composição sua.

Em pouco tempo, o jovem artista começa a se apresentar em palcos menores e irá crescer até se tornar o principal nome do gênero musical norte-americano. Nesse caminho, também vive um triângulo amoroso com a ativista Sylvie Russo (Elle Fanning, da franquia Malévola) – que representa Suze Rotolo, namorada de Dylan que aparece com ele na capa do disco The Freewheelin' Bob Dylan (1963) – e a cantora Joan Baez (Barbaro, de Top Gun – Maverick).

Apesar de trazer apenas um recorte da trajetória de Bob Dylan – ao contrário do ótimo e inventivo Não Estou Lá, de Todd Haynes, que traz diversas facetas do artista durante sua vida –, Um Completo Desconhecido não foge muito do padrão das cinebiografias, elevando e exaltando o personagem retratado. O Dylan de Mangold –  que também assina o roteiro ao lado de Jay Cocks, baseado no livro Dylan Elétrico, de Elijah Ward –, é um gênio que praticamente só pensa em sua música, sua arte, nega a fama quando ela chega e deixa pouco espaço para as mulheres em sua vida, tornando-se bem desagradável em muitos momentos. Dessa forma, depois de ambientar a trama, o cineasta destaca, até o fim do filme, quase uma sequência de “videocliples” de clássicos de Dylan, todos tocados e cantados realmente por Chalamet – Edward Norton e Monica Barbaro também tocam e cantam de verdade na produção.

E Timothée é realmente o grande destaque de Um Completo Desconhecido e o que faz o filme valer a pena. Em mais uma daquelas impressionantes atuações imersivas do cinema, o ator impressiona ao emular tudo de Dylan, de seus trejeitos até a voz anasalada, tendo aprendido e interpretado para a produção cerca de 40 músicas da lenda, entre elas “Highway 61 Revisited”, “Mr. Tambourine Man”, “I Was Young When I Left Home”, “Girl from de North Country”, “A Hard Rain’s A-Gonna Fall”, Don’t Thing Twice, It’s All Right”, “Masters of War”, “Blowin’ in the Wind”, “Subterranean Homesick Blues”, “The Times They Are A-Changin”, “It Ain't Me, Babe”, “Maggie's Farm”, “It Takes a Lot to Laugh, It Takes a Train to Cry” e “Like a Rolling Stone”, estas todas incluídas na trilha sonora do filme. Depois de vencer o prêmio de melhor ator na premiação do SAG (Sindicato dos Atores dos EUA) no último domingo, Chalamet tornou-se favorito para vencer a mesma categoria do Oscar, tendo como principal concorrente Adrien Brody, de O Brutalista.

Vale destacar também as ótimas atuações de Norton e Barbaro, ambos indicados como coadjuvantes, mas que, infelizmente, dificilmente serão reconhecidos pela Academia de Hollywood, já que suas categorias têm francos favoritos – respectivamente, Kieran Culkin, de A Verdadeira Dor, e Zoë Saldanha, por Emilia Perez, ambos também vencedores do SAG 2025; esta dupla nem deveria estar indicada como coadjuvantes, pois são verdadeiros protagonistas em suas produções, mas as regras do Oscar permitem que o estúdios escolham em que categoria os atores podem concorrer e, muitas vezes, eles são direcionados para aquelas em que têm mais condições de vencer. Cotação: Bom.

 

Trailer de Um Completo Desconhecido:

 


 

Crédito da foto: 20th Century Studios Brasil