MuMa abre exposições de Lizete Zem e Gustavo Magalhães

 


O Museu Municipal de Arte de Curitiba (MuMA) recebe duas novas exposições a partir deste sábado (15): Pergunte ao Tempo (foto), de Lizete Zem, às 11 horas; e A Pele da Pintura, de Gustavo Magalhães, às 16 horas, na Sala Célia Lazarotto.

"Fertilidade" é uma das instalações que Zem irá apresenta em Pergunte ao Tempo. Nesta obra, a artista utiliza matérias-primas naturais, como terra e sementes que ela própria recolheu da natureza, em uma de suas caminhadas pelo Parque Tingui, quando reconheceu a beleza das sementes secas espalhadas pelo bosque, o que logo lhe trouxe inspiração para a obra.

Como um tapete de terra circular, de aproximadamente três metros de diâmetro, o vermelho do material “traz a quietude e o aquecimento da espera. Um elogio à fertilidade e à sutileza das granulações, que oferecem o sonho da terra úmida, esperando a chuva, a brotação”. “Bailando sobre este círculo, suspensas por fios muito finos, estão sementes circulares que, embora secas, mortas, reservam um toque de esperança e de vida ao nosso planeta”, completa. 

Amante da vida e da natureza, Lizete tem como inquietação o desrespeito e a falta de cuidado para com o planeta Terra e, por conseguinte, com o ser humano. Ela propõe um questionamento sobre o espaço cada vez crescente dos recursos tecnológicos, em detrimento da conexão com processos naturais e com a natureza em si. “É preciso salvar o verbo esperançar, acreditando na vida e no cultivar dos sonhos”, afirma. A também poetisa convida o público “a sentir a presença das cores neste mundo, um tanto agitado, para experienciar o encanto do amanhecer, o cheiro da terra, o vento que balança os galhos”.

Sensível às mazelas do mundo, Lizete encontra conforto e equilíbrio por meio da fruição da arte e da sua própria expressão artística. A mostra traz, além das instalações, pinturas e esculturas. Entre as pinturas, há dípticos e polípticos, ou seja, obras compostas por fragmentos formando um todo. Dois pintores que a inspiram muito pela “simplicidade e força” são o francês Henri Matisse (1869-1954) e o norte-americano Mark Rothko (1903-1970).

As esculturas são em argila crua, queimadas a altas temperaturas, em formatos pontiagudos, fazendo parte de instalações. Outros materiais para suas obras são linho, lonas surradas de caminhão, carvão, pedriscos e areia. “As obras com materiais deslocados da natureza, junto a outras derramando cores pelas paredes, almejam incomodar, estimular o pensamento e provocar reflexões sobre o nosso momento”, diz Zem. 

O propósito de Pergunte ao Tempo, que segue em cartaz até 18 de maio, é refletir sobre quais são as nossas responsabilidades e o que se pode transformar individual ou coletivamente, para atuar de forma sensível, sustentável e sábia neste planeta, protegendo tudo que pulsa ou permite o respiro na Terra. O Grupo Trombini, a Paraná Equipamentos e o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), possibilitaram o projeto por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura.


Magalhães




Após temporada com Fusão, na Caixa Cultural Curitiba, Gustavo Magalhães abre no MuMa a exposição A Pele da Pintura. Com 22 obras inéditas, a mostra aprofunda o trabalho sobre pintura e racialidade que o artista vem desenvolvendo desde 2019 e que também faz parte de suas pesquisas de mestrado no Programa de Pós-graduação em Artes Visuais da Universidade Estadual do Paraná (Unespar). A curadoria é de Fabrícia Jordão. 

Para Gustavo, a exposição propõe aproximações entre a pintura e o corpo para além da imagem vista na superfície da tela ou demais suportes. Gustavo observa que, durante a secagem, a parte externa da tinta acaba oxidando primeiro, dividindo a pintura entre uma camada externa enrijecida e uma camada interna fresca e maleável. 

“Foi a partir dessa percepção processual, envolvendo a natureza material, física e química da pintura que elaborei  a estrutura que fundamenta esta nova série. A concepção de uma pintura que pode ser ferida ou desvelada, opondo-se a uma pintura que tem como objetivo a simples representação, que, por consequência, torna-se um totem ideológico que simboliza um grupo ou ideia”, revela. "Nesse contexto, a camada superficial da pintura pode ser entendida como uma ‘pele’, a superfície que recobre esse corpo, e que, por sua própria natureza, implica a existência de camadas subjacentes, uma espécie de ‘carne’”, completa. 

No entanto, não se trata de uma transposição direta das formas de organização do corpo humano para a pintura. A ideia é desenvolver uma espécie de fisiologia própria relacionada à materialidade do processo da pintura. 

"A Pele da Pintura coloca em circulação pinturas, que se pensam como pintura e que, desde essa autoconsciência, recusam-se a reforçar noções de raça ao mesmo tempo que não abrem mão da consciência da determinação histórica e das implicações desse conceito como dispositivo de subjetivação, dessubjetivação e de sustentação do sistema-mundo capitalista como nas noções acerca do que é, do que pode ser ou do que não pode ser a arte”, destaca a curadora.

A mostra segue em cartaz até o dia 18 de maio. O projeto foi realizado com recursos do Programa de Apoio, Fomento e Incentivo à Cultura de Curitiba – Fundação Cultural de Curitiba e Prefeitura Municipal de Curitiba.


Serviço:

Museu Municipal de Arte – Portão Cultural (Av. República Argentina, 3.430)

Funcionamento: terça-feira a domingo, das 10h às 19h

Telefone: (41) 3221-2535


Exposição Pergunte ao Tempo, de Lizete Zem

Abertura: 15 de março, às 11h

Até 18 de maio.

Haverá oficinas, mesas-redondas e a edição de uma publicação, a serem divulgadas.


Exposição A Pele da Pintura, de Gustavo Magalhães

Abertura: 15 de março, às 16h, na Sala Célia Neves Lazzarotto

Até 18 de maio


Crédito da foto principal: Divulgação

Crédito da 2ª foto: Rafael Dabu